O documentário “O Ouro Branco” reforça e aprofunda a linha de atuação da Persona Filmes na recriação da cena histórica. Com 26 minutos de duração, o filme vai trilhar os caminhos que marcaram o surgimento dos engenhos de açúcar no Brasil, no século XVI.
Como parte do processo de criação do projeto “As Órfãs da Rainha”, o documentário será um produto autônomo e que enriquecerá a escassa produção brasileira voltada para as origens da construção do País. Sustentado em pesquisa detalhada de dados históricos, incluirá depoimentos de especialistas e a reconstituição de cenas. A iconografia do pintor Frans Post, o grande artista desse tempo, será central na proposta de “O Ouro Branco”.
O desafio a que se propõe a diretora Elza Cataldo é o de lançar um olhar singular sobre a história brasileira através das mulheres. A trajetória de Branca Dias é o fio condutor do roteiro, marcado pela conturbada vida desta cristã nova, senhora de engenho do século XVI e que foi denunciada ao Santo Ofício da Inquisição sob a acusação de judaísmo.
Em torno do açúcar
Eduardo Galeano, autor do livro “As veias abertas da América Latina”, entre outras obras seminais, chama atenção para a liderança que o Brasil ocupou na produção mundial de açúcar até meados do século XVII. Os capitais holandeses financiaram em maior medida o negócio, que foi, em resumo, mais flamengo do que português. Em torno do açúcar, a sociedade colonial brasileira floresceu na Bahia e Pernambuco e somente o descobrimento do ouro transferiria o seu núcleo central para Minas Gerais.
A realização de um filme histórico exige o cuidado de uma pesquisa aprofundada, assim como o conhecimento da iconografia e costumes da época abordada. O projeto do documentário “O Ouro Branco” reafirma essa estética já presente em trabalhos anteriores de Elza Cataldo, particularmente no filme “Vinho de Rosas”. A linguagem atenta aos detalhes e à sutileza dos movimentos conduz a um perfil de delicadeza visual, que pode se traduzir em singularidade.
O grande esforço exigido nos filmes históricos é uma das explicações para o panorama restrito da produção audiovisual nessa área no Brasil. Trata-se de uma lacuna artística frente a uma demanda expressiva, tanto do público em geral como das escolas. O documentário “O Ouro Branco” pode representar um instrumento pedagógico instigante e inovador, capaz de preservar a memória brasileira e valorizar a identidade nacional.
Este filme faz parte do processo de pesquisa e documentação do filme “As Órfãs da Rainha”.
No final do século XVI, a Inquisição portuguesa chega ao Brasil. Surpreendidos, os moradores da Capitania de Pernambuco são incitados a denunciar práticas domésticas e religiosas associadas ao judaísmo e elegem Branca Dias, senhora de engenho, e sua filha Beatriz, a “Alcorcovada”, como os principais alvos das delações. Através de uma cuidadosa pesquisa histórica e iconográfica, o filme utiliza delicadas técnicas de pintura e requintados efeitos de animação para a reconstituição de cenas da época; que lhe conferem uma linguagem singular.
Curta-metragem / Ficção (22 minutos, 2009)
Em fase de comercialização
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